segunda-feira, 25 de maio de 2015

Nascidos um para o outro, de Campos se divorciam Rosinha e Garotinho

 Depois de anos de uma relação conflituosa com a cidade, a história dos dois chega ao fim


Depois de anos de conflitos e desamor, Rosinha Matheus e Anthony Garotinho dão sinais claros de que estão definitivamente divorciados da cidade de Campos dos Goytacazes. O casamento entre eles, este sim será eterno, visto que nasceram um para o outro.

Isso ficou nítido e claro durante a manifestação dos professores à porta da prefeitura. O governo municipal deu as costas a professores, e também às demais categorias de servidores municipais. Dois secretários sem poder de veto ou de voto foram encarregados de negociar com os grevistas e ficaram de consultar seus superiores a respeito de boa parte das reivindicações. Campos está dividida pelos muros e grades que separam o Centro Administrativo José Alves de Azevedo de todo o resto.

Mas não somente os professores. Quem depende do transporte público para ir ao trabalho ou à escola se sente abandonado. Pacientes dos hospitais municipais, unidades - agora e finalmente investigadas pelo Ministério Público Federal – são vítimas do divórcio. Sambistas de um carnaval fora de época e de qualquer propósito estão a ver navios – excelente tema, aliás, para um samba enredo. Os pobres pescadores de nossos rios e lagoas - cada vez mais secos e mortos - se sentem sós e desamparados por uma espécie de falta de amor. Pequenos agricultores, camelôs, profissionais de saúde, estudantes, terceirizados: não são poucos os abandonados à própria sorte e desquitados do poder público.

Motoristas que dirigem nestas ruas esburacadas se sentem divorciados. Quem anda de bicicleta - em ridículas ciclofaixas - também. Moradores – pagadores de impostos - de ruas que enchem e transbordam com esgoto aos primeiros pingos de chuva, há muito tiraram a aliança do dedo. Aqueles que vivem em bairros mais pobres – mesmo próximos do centro - convivem com esgoto a céu aberto, com a falta de transporte ou de escolas. O que dizer dos distritos e periferias? Somos os lanternas em Educação no estado – embora importemos a preços estratosféricos os livros escolares de uma empresa particular, enquanto o Governo Federal nos envia de graça material didático consagrado em todo o país.

O secretário de Governo tomou para si as rédeas do município enquanto a prefeita eleita, ao que parece, simplesmente se recolheu: entregou ao marido os rumos, a direção e a gestão da cidade, abrindo mão do direito conquistado por ela nas urnas de gerir o município. A Rosinha cabe somente o papel de “Rainha da Inglaterra” acenando à população quando em situações favoráveis – cada vez mais raras – e ainda assim quando cercada de seu séquito. Jamais a veremos andando sozinha, escolhendo frutas no mercado municipal ou comprando uma roupinha no Shopping Boulevard cumprimentando os demais consumidores.

A cidade se sente traída. E poucos casamentos resistem a uma traição. 


Terceira Via/Show Francisco



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